segunda-feira, 18 de junho de 2012

Poema ultra-romântico

Ninguém mente á própria tristeza

Eu vou falar que ninguém sabe dos demônios
Que põe cinza todo o azul do céu
Eu vou falar sem juízo que o meu juízo
Não resolve o Juízo Final
E entre o bem e o mal, eu prossigo,
Como a aparência da alegria,
Dessa mentira que vocês gostam de ver
E de se esconder nela
Eu vou falar que ninguém vai bem por muito tempo
E que a tristeza, às vezes, indizível,
É a herança comum que nós temos
E a única coisa que não se tem inveja nem ciúmes
Eu falar que sou triste, ninguém vai ouvir,
Porque é mais fácil falar do que vos convém,
Do que possa beneficiar vocês
Não vou falar desse inferno
Que muito de vocês não sabem enfrentar
Nem vou falar mais da tristeza
Deixo que ela, em silêncio,
Fale por mim dentro de vocês
E encontre, sem fatalidade,
Um canto nos seus olhos.

Marcel Franco
 
Paulo Rocha e João Vicente

domingo, 17 de junho de 2012

Poema ultraromântico

Para dourar a existência
Deus nos deu a fantasia;
Quadro vivo, que nos fala,
D'alma profunda harmonia.

Como um suave perfume,
Que com tudo se mistura;
Como o sol que flores cria,
E enche de vida a natura.

Como a lâmpada do templo
Nas trevas sozinha vela,
Mas se volta a luz do dia
Não se apaga, e sempre é bela.


Dupla: Luiz Carlos e Lucas de Alencar.
Turma: 9ºC

Comparar as poesias “Lembrança de morrer” e “O poeta moribundo” e comentar as diferenças que há entre elas no modo de encarar a morte

Na poesia "Lembrança de Morrer", o autor quer que não fiquem tristes quando ele falecer, pois para ele sua vida era triste e ele ficaria melhor se morresse.
Já na poesia "O poeta moribundo" ela não fica preocupado com a dia de sua morte e aconteça o que acontecer.

Dupla: Luiz Carlos e Lucas de Alencar
Turma: 9ºC

Pesquisar a obra de outros poetas românticos brasileiros da época, como Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire, e selecionar poesias que tenham características em comum com as poesias de Álvares de Azevedo


Poesia – Fagundes Varela 

Nas horas tardias que a noite desmaia 
Que rolam na praia mil vagas azuis, 
E a lua cercada de pálida chama 
Nos mares derrama seu pranto de luz, 


Eu vi entre os flocos de névoas imensas, 
Que em grutas extensas se elevam no ar, 
Um corpo de fada — sereno, dormindo, 
Tranqüila sorrindo num brando sonhar. 


Na forma de neve — puríssima e nua — 
Um raio da lua de manso batia, 
E assim reclinada no túrbido leito 
Seu pálido peito de amores tremia. 


Oh! filha das névoas! das veigas viçosas, 
Das verdes, cheirosas roseiras do céu, 
Acaso rolaste tão bela dormindo, 
E dormes, sorrindo, das nuvens no véu? 


O orvalho das noites congela-te a fronte, 
As orlas do monte se escondem nas brumas, 
E queda repousas num mar de neblina, 
Qual pérola fina no leito de espumas! 


Nas nuas espáduas, dos astros dormentes 
— Tão frio — não sentes o pranto filtrar? 
E as asas, de prata do gênio das noites 
Em tíbios açoites a trança agitar? 


Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo 
De um férvido beijo gozares em vão!... 
Os astros sem alma se cansam de olhar-te, 
Nem podem amar-te, nem dizem paixão! 


E as auras passavam — e as névoas tremiam 
— E os gênios corriam — no espaço a cantar, 
Mas ela dormia tão pura e divina 
Qual pálida ondina nas águas do mar! 


Imagem formosa das nuvens da Ilíria, 
— Brilhante Valquíria — das brumas do Norte, 
Não ouves ao menos do bardo os clamores, 
Envolto em vapores — mais fria que a morte! 


Oh! vem; vem, minh'alma! teu rosto gelado, 
Teu seio molhado de orvalho brilhante, 
Eu quero aquecê-los no peito incendido, 
— Contar-te ao ouvido paixão delirante!... 


Assim eu clamava tristonho e pendido, 
Ouvindo o gemido da onda na praia, 
Na hora em que fogem as névoas sombrias 
– Nas horas tardias que a noite desmaia. 


E as brisas da aurora ligeiras corriam. 
No leito batiam da fada divina... 
Sumiram-se as brumas do vento à bafagem, 
E a pálida imagem desfez-se em — neblina!







Saudade - Junque Freire





Em minhas horas de noturna insônia,

Com os olhos fitos no porvir longínquo
Eu penso em mim, - e na segunda idéia
Encontro-me contigo.

Eu te pranteio no arrebol da aurora,
Que em teu exílio meditando esperas.
Envolto num crepúsculo te enxergo
A deplorar teus fados.

Nas nuvens de sangüíneas listras
Lágrimas verto que sobre elas mando,
Partem, - porém do caminhar cansadas
Descaem no oceano.

Desesperado então, maldigo o espaço,
Maldigo o céu e a terra, o vácuo e o pleno.
Em cada criação deparo um erro.
Nem acho Deus tão sábio.

E na minha alma se desenha ao vivo
Melhor, mais belo, mais ditoso, um mundo.
Tiro do nada, sem ausência e males,
Um orbe todo novo.

O amor da pátria que os tiranos banem,
Não choraria maldições e sangue.
Nem tu nem eu seríamos cortados
Por divisões de abismos.

Mas quando ainda não acabo o sonho,
Diviso armadas que vão mar em fora.
Desperto, e caio nos aéreos braços
Da quimera sublime.

E mais amargo te lamento a sorte,
Tu, mártir feito pelas mãos dos bonzos,
Invoco o céu que entornará sobre eles
Alabastros de anátema.

Ligando a mim teu coração dorido,
Que a teus amigos em penhor deixaste,
Tateio nele as emoções tão vivas,
Que em teu desterro sofres.

Conheço as aflições que te salteiam,
Nobre proscrito. O sol, a lua, os astros.
Cruzam teu ponto, e trazem-me sinceros
Tuas ingênuas dores.

Sim! para os claustros não nasceu tua alma.
Teu coração não te palpita - Monge.
Nem tão baixo teus ímpetos serpenteiam,
Que um cárcere os contente.

Nesse vasto palor que te orna a fronte,
- Sinal dos homens de profundo gênio,
Eu leio a grande e destemida idéia,
Que não cabe nos claustros.

Deserta, ó gênio, do covil imundo,
Onde o leão dos vícios se alaparda.
Ah! esta cela, onde a indolência dorme.
Não pode, não, ser tua.

Coral guardado nas flumíneas urnas,
Quem há de te arrancar do equóreo fundo?
Não serias mais belo, em áureo engaste,
No colo de uma virgem?








Dupla: Luiz Carlos e Lucas de Alencar.
Turma: 9ºC

Diferenças de textos humorísticos e satíricos

Textos humorísticos:
Tem como razão fazer as pessoas rirem,a única coisa que ele busca são formas de fazer as pessoas se entreterem por um meio de humor objetivo e direto.

Ex:

Joãozinho botou uma placa na porta de casa dizendo “CUIDADO COM O CÃO”.
Aí a mãe dele viu e disse:
- Meu filho, por que você está colocando esta placa se o nosso cão é tão pequeno?
Joãozinho respondeu:
- Ora mãe, por isso mesmo: para ninguém pisar nele.


Textos satíricos:

O texto humorístico é um texto que tem um humor sutil e mais bem trabalhado, normalmente ele tem ideias contrárias a um sistema, fazendo uma crítica a política, governo e costumes.

Ex:

 O combate à dengue parece ineficaz. A culpa é do governo?
- Não. A culpa é sua, que escolheu a atual administração do Estado. Boa sorte no próximo voto, caso você sobreviva à dengue hemorrágica.

Dupla: Luiz Carlos e Lucas de Alencar.
Turma: 9ºC

sábado, 16 de junho de 2012

Pesquisar a obra de outros poetas românticos brasileiros da época, como Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire, e selecionar poesias que tenham características em comum com as poesias de Álvares de Azevedo.

Casimiro de Abreu 

Desejo


Se eu soubesse que no mundo 
Existia um coração, 
Que só' por mim palpitasse
De amor em terna expansão; 
Do peito calara as mágoas, 
Bem feliz eu era então! 


Se essa mulher fosse linda 
Como os anjos lindos são, 
Se tivesse quinze anos, 
Se fosse rosa em botão, 
Se inda brincasse inocente 
Descuidosa no gazão; 


Se tivesse a tez morena, 
Os olhos com expressão, 
Negros, negros, que matassem, 
Que morressem de paixão, 
Impondo sempre tiranos 
Um jugo de sedução; 


Se as tranças fossem escuras, 
Lá castanhas é que não, 
E que caíssem formosas 
Ao sopro da viração, 
Sobre uns ombros torneados, 
Em amável confusão;


Se a fronte pura e serena
Brilhasse d'inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;


Se a voz fosse harmoniosa
Como d'harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;


E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;


E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
— A vida, o céu, a razão!

Álvares de Azevedo 

Amor


 Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração! 
Sofrer e amar essa dor 
Que desmaia de paixão! 
Na tu'alma, em teus encantos 
E na tua palidez 
E nos teus ardentes prantos 
Suspirar de languidez! 
Quero em teus lábio beber 
Os teus amores do céu, 
Quero em teu seio morrer 
No enlevo do seio teu! 
Quero viver d'esperança, 
Quero tremer e sentir! 
Na tua cheirosa trança 
Quero sonhar e dormir! 
Vem, anjo, minha donzela, 
Minha'alma, meu coração! 
Que noite, que noite bela! 
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento 
Da noite ao mole frescor, 
Quero viver um momento, 
Morrer contigo de amor!

Semelhanças: As duas poesias falam de amor e sofrimento e de como é viver a vida com esses sentimentos. Os autores criam um Eu-Lírico com um mesmo estilo e formam uma mesma expressão de sentido ao poema. 



Dupla: Paulo Rocha e João Vicente

Comparar as poesias “Lembrança de morrer” e “O poeta moribundo” e comentar as diferenças que há entre elas no modo de encarar a morte.


Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa!

O Poeta Moribundo
Poetas! amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!
Façam dela uma corda, e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!
Cantem esse verso que me alentava...
O aroma dos currais, o bezerrinho,
As aves que na sombra suspiravam,
E os sapos que cantavam no caminho!
Coração, por que tremes? Se esta lira
Nas minhas mãos sem força desafina,
Enquanto ao cemitério não te levam
Casa no marimbau a alma divina!
Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia . . .
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.
Coração, por que tremes? Vejo a morte
Ali vem lazarenta e desdentada. ..
Que noiva!. . . E devo então dormir com ela?. ..
Se ela ao menos dormisse mascarada!
Que ruínas! que amor petrificado!
Tão antediluviano e gigantesco!
Ora, façam idéia que ternuras
Terá essa lagarta posta ao fresco!
Antes mil vezes que dormir com ela,
Que dessa fúria o gozo, amor eterno. . .
Se ali não há também amor de velha,
Dêem-me as caldeiras do terceiro Inferno!
No inferno estão suavíssimas belezas,
Cleópatras, Helenas, Eleonoras;
Lá se namora em boa companhia,
Não pode haver inferno com Senhoras!
Se é verdade que os homens gozadores,
Amigos de no vinho ter consolos,
Foram com Satanás fazer colônia,
Antes lá que no Céu sofrer os tolos!-
Ora! e forcem um'alma qual a minha
Que no altar sacrifica ao Deus-Preguiça
A cantar ladainha eternamente
E por mil anos ajudar a Missa!

Comparação:
Em “Lembrança de Morrer” a morte é tipo um remédio para o homem poder fugir do sofrimento por que está passando, já em “O Poeta Moribundo” o homem acha a morte normal, como mais uma etapa da vida e que não se tem nada a temer.

Dupla: Paulo Rocha e João Vicente