segunda-feira, 18 de junho de 2012

Poema ultra-romântico

Ninguém mente á própria tristeza

Eu vou falar que ninguém sabe dos demônios
Que põe cinza todo o azul do céu
Eu vou falar sem juízo que o meu juízo
Não resolve o Juízo Final
E entre o bem e o mal, eu prossigo,
Como a aparência da alegria,
Dessa mentira que vocês gostam de ver
E de se esconder nela
Eu vou falar que ninguém vai bem por muito tempo
E que a tristeza, às vezes, indizível,
É a herança comum que nós temos
E a única coisa que não se tem inveja nem ciúmes
Eu falar que sou triste, ninguém vai ouvir,
Porque é mais fácil falar do que vos convém,
Do que possa beneficiar vocês
Não vou falar desse inferno
Que muito de vocês não sabem enfrentar
Nem vou falar mais da tristeza
Deixo que ela, em silêncio,
Fale por mim dentro de vocês
E encontre, sem fatalidade,
Um canto nos seus olhos.

Marcel Franco
 
Paulo Rocha e João Vicente

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